Um pequeno (bem pequeno) pedaço da violência

No começo desse ano eu fui algumas vezes para o RJ, ficava lá no Leblon, nas primeiras vezes que fui, sentia medo, por causa de tudo o que falam da violência no Rio, mas depois de algumas vezes, comecei a me sentir bem segura, achava tudo super calmo, até mais do que São Paulo.

Lá fazíamos tudo a pé, acordávamos, íamos tomar café na padaria, depois íamos para a praia e ficávamos lá um bom tempo, só voltando pra tomar banho, jantar e dormir. Férias!! Mto merecidas, por sinal....

Todos os dias era essa tranqüilidade, algumas vezes fui até sozinha para a praia, que estava sempre cheia e sempre com as mesmas pessoas. Meus vizinhos de praia, os rostos familiares me passavam segurança, então ficava por lá sem problemas, se ia para o mar, pedia para um dos meus vizinhos olhar minhas coisas. Não tinha preocupações.

Até que um dia, lá estava eu tomando sol e escuto uma gritaria. Fiquei assustada e levantei, não só eu como a praia inteira ficou em pé. Passou um cara correndo e algumas pessoas indo atrás dele e gritando: “Pega”, “Ladrão”. Na correria o “ladrão” caiu e nisso vários homens foram em cima dele e começaram a chutá-lo, foi horrível. Nisso chegam 2 salva-vidas e levantam o cara, as pessoas se afastam, mas continuavam a xingar muito, e alguém gritou: “Fica longe do Leblon!”. Então o ladrão virou e falou: “Daqui a pouco vão me soltar e eu volto aqui de novo.”.As pessoas que estavam xingando voaram em cima dele e recomeçaram a bater.

Os dois salva-vidas conseguiram separar a briga e levaram o ladrão para um daqueles faróis, depois não sei o que aconteceu, perdi a segurança, fui embora.

Depois descobri que o ladrão tentou roubar a corrente de uma menina, passou correndo e puxou a corrente do pescoço dela. Não conseguiu roubar, machucou a menina e ainda foi pego. E ele se sentia no direito de roubar, bem desnecessário ele falar que ia voltar lá e roubar de novo.

Sei que algumas pessoas no Leblon são bem ostensivas, levam ipod e máquina digital para a praia, tem gente lá que vc percebe que tem muita grana. E ao mesmo tempo têm umas famílias beeem mais simples, dá pra ver bem a diferença social. E mesmo assim, eu sentia uma harmonia lá,uma tranqüilidade que foi quebrada. Parecia o último pedaço do RJ salvo da violência...